"Não, não é isso, motorista, claro que não!"
MANIFESTO PELA MOBILIDADE URBANA: PARTE CINCO
Pratica um desserviço quem tenta criar uma polaridade entre carros particulares versus qualquer outra forma complementar de locomoção: versus o transporte público coletivo; versus o metrô; ou versus a bike, por exemplo. Não devemos compactuar com esse jogo de soma zero daqueles que não acreditam em uma mobilidade urbana democrática para todas e para todos, e que seja realmente eficiente, colimando várias modalidades e possibilidades de transporte.
Para tanto, necessário é redefinirmos as nossas prioridades para uma concepção de mobilidade razoável e realmente condizente com o século XXI.
Motorista, faço-lhe as seguintes perguntas: 01- será que você não deixaria o seu carro na garagem alguns dias da semana se realmente tivesse um transporte coletivo digno e de qualidade que o levasse com segurança para o trabalho?
02- E se lhe fossem oferecidas segurança e possibilidade de se locomover por meio de outras modalidades, seria mesmo tão difícil você chegar ao seu trabalho ou à escola, pelo menos alguns dias da semana, ou caminhando, ou pedalando, economizando grana, e ainda aproveitando para deixar a saúde em dia?
Não se esqueça: uma cidade realmente construída e voltada para as pessoas no mínimo deve oferecer aos seus cidadãos a oportunidade de escolher o seu meio de transporte, além de lhes oferecer informações suficientes para conscientizá-los sobre a insustentabilidade/impossibilidade de mantermos uma boa qualidade de vida, caso somente veículos particulares sejam a prioridade em uma cidade já saturada de automóveis, como Belo Horizonte.
E então, será que hoje você realmente pode escolher de que forma quer se locomover em sua cidade? Será que hoje em dia você vai para o trabalho com o seu veículo particular, todos os dias, realmente porque você quer, ou porque o carro (que hoje representa cada vez mais gastos e transtornos causados pelo excesso de veículos nas ruas) hoje mais lhe representa uma verdadeira tentativa de "fuga" (que por sinal não tem dado certo) da ineficiência do transporte público-coletivo do que um verdadeiro conforto?
Cidadã, cidadão: se você não está satisfeito diante dessa situação, aí vão alguns conselhos:
Independentemente de onde você tenha conseguido criar e, por conseguinte, manter a sua capacidade de se indignar diante da nossa atual Imobilidade Urbana, se você realmente ainda acredita que pode lutar e que ainda pode exercer o seu direito de decidir o seu próprio futuro, e agora, mais do que nunca, deseja exercê-lo, pois FAÇA A SUA ESCOLHA:
01- Ou você começa a lutar agora por uma mobilidade urbana mais humana, mais eficiente e democrática, começando a mudança hoje, por você mesmo (fiscalizando os projetos que norteiam o crescimento da sua cidade; lutando pela implantação de transporte coletivo digno; ousando outras modalidades também eficientes de transporte), 02- ou você pode continuar se omitindo, demonstrando-se pelo menos aparentemente satisfeito pela situação que você contribui dia a dia, sem tomar nenhuma atitude para cortar a sua rédea.
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