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Para inúmeros problemas do nosso país, neste ano de 2013, minha opinião é de que muitos deles são causados pelo conservadorismo de muitos dos nossos costumes. Sinceramente não sei se “conservadorismo dos nossos costumes” possa parecer um tanto quanto redundante (se no próprio costume fica inerente seu conservadorismo), mas não abriria mão deste determinante ao ainda presenciar mazelas como a estratificação de gênero num país tão miscigenado como o Brasil.
No entanto, se é que existe algum culpado, infelizmente ainda não tenho certeza. Ou melhor, se há pelo menos uma culpa por dolo. De fato, numa sociedade fundada sobre preconceitos, as mulheres constituem um dos grupos sociais mais marginalizados deste país. No entanto, por mais incrível que possa parecer (pelo menos a priori), não consigo imaginar que fruto de uma decisão individual consciente algum homem ainda possa acreditar numa possível situação superior sua em relação às mulheres.
Acredito que muitos dos valores dos quais o nosso país ainda preza como primordiais não só o subjuga ao comando de uma elite hegemônica, capaz de controlar grandes mídias tradicionais para seus objetivos econômicos, mas também o mantem arraigado sob uma série de preconceitos conservadores, que em nada contribuem para a construção de uma sociedade igualitária, com respeito às diferenças.
O vídeo que assisti durante uma aula de S. Jurídica¹, especificamente, sintetiza a visão de subjugação que ainda existe entre gêneros também em países considerados “desenvolvidos”, como o Canadá, idêntica ao Brasil. Não só presente mas também cultivada pelo mercado publicitário, visão arcaica que quase sempre é assimilada sem devida reflexão pela maioria de nós. Retomando a questão de possível culpado dessa visão (pelo menos considerando-a como fruto de uma vontade consciente de subjugação das mulheres), por meio de dados, vemos também os próprios homens como vítimas de seus preconceitos, arraigados numa sociedade que não respeita a si mesma, muito menos o considerado diferente.
Também numa aula de S. Jurídica, li uma reportagem relatando o estupro de uma jovem israelense² a qual acredito sustentar minha opinião. Assim como um juiz aposentado, candidato preferido do primeiro-ministro de seu país a presidir o Tribunal interno de um partido consegue imaginar alguma possível satisfação da mulher durante o estupro, não vejo outra justificativa a não ser o peso que falácias e costumes ainda podem desempenhar sobre qualquer um de nós, independente de classe social ou escolaridade.
“Juntos e misturados”. No Brasil, difícil é nos considerarmos negros ou brancos, afinal nossas raízes estão muito além das nossas características físicas. No entanto, numa sociedade ainda bastante conservadora e preconceituosa, não seria hipócrita a ponto de não dizer que a cor da pele e o seu gênero “dizem muito sobre quem você é”.
Neste momento, não me lembro ao certo ter sofrido alguma discriminação do tipo (talvez tão somente por ser homem e ser considerado branco). No entanto, ao falar sobre o assunto, me lembro de presenciar um homem no início deste ano, olhando para uma manifestante descamisada, durante a Marcha das Vadias, dizer algo do tipo: “Tá vendo? Depois elas querem que a gente respeite”.
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¹ http://www.youtube.com/watch?v=HaB2b1w52yE, vídeo com as representações das mulheres e dos homens pelos comerciais de TV no Canadá.
²Leia a reportagem na íntegra: Reprodução/haaretz.com
"Algumas meninas
gostam de ser estupradas", diz juiz durante julgamento em Israel
Depois de polêmica,
juiz perdeu apoio do premiê Netanyahu
Ao afirmar que "algumas meninas gostam de ser
estupradas", durante a audiência de um caso de estupro de uma menor, hoje
com 19 anos, um juiz causou polêmica entre a população de Israel. A declaração
foi feita pelo aposentado Nissim Yeshaya, que
continua atuando em alguns casos de apelação institucionais
no Distrito
de Tel Aviv.
Segundo a imprensa nacional, o magistrado surpreendeu os
participantes da audiência da Comissão de Apelação da Previdência Social,
realizada nesta terça-feira (5), com o comentário, gerando protestos revoltados
e condenações de todo o espectro político local. Na ocasião, a vítima não
estava presente.
Após o comentário, foi pedido a interdição imediata de
Yeshaya, aposentado há quatro anos e que atua como presidente de tribunais administrativos
e de orientação. O pedido foi feito à ministra da Justiça, Tzipi Livni, pela
presidente da comissão parlamentar para o Status da Mulher, Aliza Laví.
O crime
A jovem tinha 13 anos quando foi violentada por quatro
palestinos. A advogada de defesa, Aloni Sadovnik, descreveu a declaração do
juiz à rádio do exército israelense. "Ele nem sequer percebeu o que
acabava de dizer. Não entendia por que todo mundo estava em silêncio ao mesmo
tempo."
Após a polêmica, Yeshaya tentou se defender. "Estão tentando
conseguir publicidade às minhas custas. Eu não acho que a vítima de um estupro
não sofra danos com ele ou que o estupro não seja um crime grave. [Meus
comentários] foram mal interpretados."
O juiz era o candidato preferido do primeiro-ministro, Benjamin
Netanyahu, a presidir o Tribunal interno do partido Likud, mas hoje o
governante retirou seu apoio porque "uma pessoa que se expressa assim não
merece o cargo".
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sábado, 9 de novembro de 2013
O que pode explicar a estratificação de gênero no Brasil?
terça-feira, 5 de novembro de 2013
Se as novelas fossem o único meio de informação no país, como seria?
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Imagem: http://www.marciacosmeticos.com.br |
É grande a influência que as novelas desempenham sobre a vida e o comportamento do povo. Muito além de entretenimento e negócio comercial lucrativo, as novelas influenciam e modificam a visão de mundo que muitos de nós brasileiros temos acerca da realidade.
Com contribuição tanto positiva quanto
negativa, as telenovelas se apresentam como o principal meio de difusão do
gênero. Principalmente na TV aberta, as novelas se tornaram objetos de batalha
entre grupos tradicionais de comunicação de massa devido ao grande número
de lares por elas alcançadas.
De fato as novelas são uma grande fonte de distribuição de informações. No entanto, hipoteticamente considerá-las de maneira unívoca conquanto única fonte de informação ao nosso país sem dúvida alguma traria enormes distorções.
No Brasil, diariamente, poucos não
são os casos de novelas que mantêm visões arcaicas acerca da sociedade e tentam
disseminá-las como padrões que deveriam ser seguidos por todos aqueles que
gostariam de se integrar a um grupo possivelmente considerado “melhor”.
Ideologias
diariamente são disseminadas das quais, devido ao ainda baixo nível de acesso
da maioria da população à educação, não podem ser claramente identificadas e
criticadas por todos. Pensamentos unilaterais muitas vezes retratados sem um
contraponto, amplamente divulgados por novelas criadas e recriadas pelos mesmos
autores e financiadas pelos mesmos grandes grupos comerciais.
Principalmente
na TV aberta, frequentemente nos deparamos com novelas que expõem personagens
que se tornam ídolos por cometerem atividades ilícitas das quais acreditam
serem o caminho mais fácil de “vencer” na vida.
Determinados grupos sociais constantemente são representados com papeis marginalizados e caracterizados negativamente até mesmo pelo seu sotaque (caso frequente com os nordestinos que se encontram na região Sudeste). Conteúdos indevidos são indiscriminadamente disponibilizados a todos sem qualquer adequação eficiente à idade, além de vários outros inúmeros problemas que estão relacionados ao compromisso desse gênero exclusivamente com seus acordos publicitários.
Fazer das novelas único
meio de informação representaria um retrocesso à Democracia em desenvolvimento
no nosso país. Na luta por um Brasil mais justo e menos conservador no trato
aos seus cidadãos, a novela como única fonte de informação não seria capaz de
representar em seus personagens todas as características e problemas que devem
ser combatidos num país tão miscigenado como o nosso.
De fato as novelas
não constituem por si só de todo ruim quanto aos seus assuntos abordados,
principalmente quando retratam tabus cotidianamente. No entanto, como qualquer
outro meio de comunicação, não há melhor remédio que não a heterogeneidade de
informações para que possamos ter acesso a conteúdos que possibilitem um olhar
diferente do que estamos acostumados a ver como “verdadeiro”.
Principalmente pelo seu
poder de influência e alcance num país como o nosso (onde a maioria da
população não tem acesso digno à educação) considerá-la como única fonte de
informação à sociedade, do contrário à promoção de cidadãos, promoveria tão
somente uma legião de indivíduos alienados, os quais impossibilitados de
reconhecer até mesmo a si próprios.
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Imagem: http://revistavilanova.com |
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