quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Surto de especialização




Tempestade Cerebral de dezembro


   “Segundo o especialista...”, “Faça isso, pois é palavra de especialista!”, “De acordo com...”.

   "Com quem você acha que está falando? Eu sou é Doutor!"

   Já não bastasse a quantidade de "especialistas" que supostamente emitem opiniões mais dignas que um cidadão considerado comum, agora querem nos fazer engolir especialistas até em propaganda de Lasanha e de Salsicha.

  Não só ao final de inúmeras reportagens os tais especialistas são normalmente chamados de "doutores" e procurados por jornalistas para supostamente “darem valor” a tudo aquilo que eles dizem durante uma reportagem (nos consultórios médicos, ou nos escritórios de advocacia, por exemplo), mas agora também se PROLIFERAM "com nomes bacanas, difíceis" nos comerciais de TV, e no mínimo uma pitada de petulância ao tentarem me fazer acreditar que eu estou precisando de especialista  até para escolher a salsicha do meu cachorro-quente, ou a minha lasanha.

    Ah... Fala sério!

  Às vezes me pergunto: “Quem são os especialistas? Quais os critérios utilizados para se tornar um especialista? Quem são os especialistas que criam os critérios para que alguém se torne um especialista? Quanto eu devo duvidar menos do que um "especialista” me diz do que de um outro cidadão que é considerado comum só porque não se enquadra em determinados critérios?”

  Uma coisa eu lhe digo, minha amiga, meu amigo: cuidado com a Supremacia dos Especialistas e a patrulha da racionalidade. Pelo menos eu já estou de olho, claro! Vai que além de me darem "dicas" (serão mesmo só dicas?) sobre qual salsicha de cachorro-quente ou lasanha "eu devo comer",  eles também decidam, algum dia, que eu sou tão burrinho, mas tão burrinho, que eu não só não sei escolher lasanha ou salsicha para cachorro-quente, mas que também não tenho a capacidade para fazer quaisquer outras escolhas, como votar, por exemplo????


   A questão não é que não podemos acreditar no que nos dizem pessoas que, sob determinados critérios, sejam consideradas especialistas, ou que não podemos acreditar que pelo menos algumas delas realmente possuam um conhecimento maior do que a média em relação a determinado assunto.

     No entanto, necessário é não perdermos a nossa capacidade de refletir, de criticar e de duvidar daquilo que nos é apresentado, seja por um especialista ou por qualquer outro cidadão considerado comum(!). Importante também é que não nos esqueçamos que diplomas ou quaisquer outros títulos de reconhecimento nem sempre são acompanhados pelo "saber", e que há muitas pessoas, no mundo, "aqui fora", que, embora não sejam reconhecidas pela sociedade como "doutoras", também detêm uma enorme riqueza cultural e de conhecimento, que também deve ser no mínimo digna de ser considerada.

   É por isso que diante dos supostos especialistas que se proliferam, assim como de quaisquer outros cidadãos "apenas" considerados "comuns", posso até acreditar no que cada um deles me diz, sem problemas..., mas primeiro prefiro a DÚVIDA para todos eles sem nenhuma distinção de patente, de terno ou de jaleco. Não abro mão da minha capacidade de refletir e de criticar seja diante de quem for.




PS1: Esse recado mando especialmente aos (felizmente não todos!) médicos, dentistas, advogados e professores da faculdade de Direito que por serem nobremente tratados como "senhores doutores" e considerados especialistas acreditam que por si só isso é motivo para serem os únicos sujeitos capazes de conferir uma interpretação adequada sobre determinado assunto.

Esse recado vai especialmente a aquela parte de profissionais, "especialistas", que se esquece de que o povo ou os seus alunos, embora não sejam reconhecidos como"doutores", também têm a capacidade de duvidar, interpretar, opinar, criticar e discordar daquilo que lhes é apresentado.


PS2: duvido que o carinha do comercial da Seara provou o sensacional cachorro-quente que a minha mãe faz, ou aquele na praça da Igreja Matriz, aqui, em Nova Lima. "... Ele não sabe o que está perdendo..."...







AINDA PULSA!

Veraneiovascaina.blogspot.com

sexta-feira, 21 de março de 2014

A permanência dos motivos de Estado de Exceção na Sociedade Contemporânea (Tema dado em sala de aula)




Tempestade Cerebral do mês de março



   Na sociedade Contemporânea, há, sem dúvidas, a permanência de um Estado de Exceção latente e bastante criterioso quanto aos seus súditos.


   Diferentemente do que se possa imaginar, principalmente sob a ótica paradigmática de um Estado democrático e de Direito, o Estado de Exceção na sociedade Contemporânea não vige e impera só temporariamente e mediante o respeito a preceitos legais pressupostos pelo Constitucionalismo Moderno, mas sim durante todos os dias, no nosso cotidiano, mediante a institucionalização de políticas públicas inadequadas no trato a garantias de direitos individuais e coletivos fundamentais.


    Em sociedades como a brasileira, por exemplo, vários são os casos em que esse Estado de Exceção latente pode ser observado quanto ao seu conteúdo, bem como aos seus destinatários.


    Principalmente se tratando de grupos populares, direitos subjetivos públicos e individuais fundamentais, quando confrontados por supostos “interesses públicos”, com frequência têm suas garantias suspensas, mesmo quando protegidas pela rigidez da Constituição.


    Quando direitos fundamentais e aos serviços públicos de grupos populares, principalmente, são confrontados a interesses econômicos, é quando podemos ver quais são as garantias fundamentais que realmente são preponderantes numa sociedade Contemporânea na prática.


     No Brasil, por exemplo, megaeventos como a Copa do Mundo ilustram bem essa perspectiva de um latente Estado de Exceção.  Arraigado numa tradição excludente e preconceituosa, o Estado de Exceção brasileiro, sem nenhum respeito às pessoas envolvidas, facilmente se torna partícipe ou autor da destruição de casas, de escolas e da cultura do povo subjugando seus cidadãos aos interesses de uma elite abastada e detentora do poder de ditar o que faça parte do “interesse público”.


    Além de causados por megaeventos, no Brasil, fenômenos populares internos e seus adeptos são constantemente cunhados como vândalos, tendo suspensas suas garantias individuais e coletivas mesmo que à revelia da lei. Fenômenos como “os rolezinhos”, por exemplo, onde inúmeros jovens, com diferentes interesses (mas todos ligados pela sua condição social nada abastada) diariamente têm suspensos o seu direito de ir e vir, vendo espaços públicos apropriados pela raiz patrimonialista principalmente sobre os espaços urbanos brasileiros.


  Comerciantes, na defesa aos seus interesses, e consumidores, que não se dão o mínimo esforço no respeito às diferenças, utilizando-se, com frequência, do aparato estatal indevidamente para a distribuição de liminares e sentenças visando proibir a livre circulação dos considerados "diferentes".


    O Estado de Exceção na sociedade Contemporânea é uma realidade de modo que não mais é possível sua negação meramente respaldada na existência de princípios e normas que se afiguram no papel como democráticas, mas que, na prática, confrontam todos os parâmetros e objetivos de uma Constituição de um Estado que tem como primazia uma finalidade ética não só de respeito à dignidade da pessoa humana , mas também a sua garantia, que deve ser buscada e respeitada mediante o império da lei.


   É preciso mudarmos esta realidade.




sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Otimismo


       Há algum tempo admiti a alguns amigos a minha “certa dificuldade” em demonstrar as minhas expectativas explicitamente. 

         Em épocas de aniversário de parentes ou amigos próximos, das festas de fim de ano, natal ou réveillon, principalmente é quando me vejo um tanto quanto mais embaraçado que a maioria das pessoas na tentativa de desejar simples, mas singelos, votos de “feliz aniversário” ou “um próspero ano novo”, por exemplo.

         Mas, neste ano de 2014, “farei um esforço” para conseguir abrir uma exceção e falar abertamente sobre minhas expectativas e desejos para o nosso país.

         Para isso, acredito não haver lugar mais oportuno que não numa das páginas deste Veraneio, o qual me dá liberdade, de braços abertos, desde o 1º ano do Ensino Médio, para expressar o que penso, e, a partir de agora, também expressar meu otimismo e mais sinceros votos à sociedade brasileira, que terá neste ano muitos ingredientes disponíveis para mais um ano inesquecível na história do nosso país.


1.1) 2014 - Mais um ano para consolidação política



Congresso Nacional,: manifestações de junho.

                                           
       No ano seguinte ao aniversário de 25 anos da nossa democracia, grandes expectativas guardo com relação ao ainda rejuvenescimento do nosso espírito político após sairmos às ruas para lutarmos pelos nossos direitos em 2013.
               
          Como já abordado por muitos e também por mim neste mesmo Veraneio, no artigo “Algo nos une”, 2014 terá todos os ingredientes para continuar rendendo bons frutos das grandes manifestações que se insurgiram em nosso país em meados do ano passado.

          Entretanto, diferentemente do que ainda possa parecer para muitos, 2014 não será um ano que poderá dar seguimento ou fim à força das manifestações que parte da população sustentou, durante muito tempo, que o “gigante brasileiro acordara”, após as últimas décadas de luta no século passado.
                
         Isso, pois, como já dito, 2013 não representou meramente um ano em que o povo voltou às ruas após um longo hiato de manifestações que culminaram na queda do regime de Exceção mantido durante duas décadas em nosso país no século passado. Mas sim um momento em que muitos grupos sociais minoritários, que sempre tiveram suas atuações tendenciosamente obscurecidas pela grande mídia, ecoaram a sua voz ao lado da voz de toda uma população que já estava farta diante dos escândalos políticos, dos serviços públicos pessimamente prestados e das duras repressões policiais a manifestantes que serviram como estopim para as manifestações.

        No ano posterior em que pessoas dos mais variados interesses colimaram muitos deles e puderem, juntos, dar uma força revigorada aos movimentos brasileiros já atuantes, não só 2014, mas também as próximas décadas têm de tudo para que o Brasil atinja mais rapidamente um maior grau em sua maturidade política, possibilitando à população, gradativamente, se tornar cada vez mais sujeito de seu próprio futuro.



1.2) 2014 - Copa do Mundo e Eleições




Site da Imagem:/turmadochapeu.com.br/


            Estamos em contagem regressiva para realizar um dos maiores eventos esportivos do mundo e muito próximos a eleições que, sem dúvida, movimentarão o país de Norte a Sul.

         Ainda fruto do rejuvenescimento político do nosso país, que não por acaso acredito ter se reiniciado em meio a outro grande evento esportivo, as eleições deste ano terão grandes aperitivos para atrair ainda mais o interesse do eleitor que está sedento por maior participação nas decisões políticas.

          Sendo quase impossível não demonstrar o meu contentamento pela força do povo, até então considerado pejorativamente como “a pátria de chuteiras”, em cobrar as até então prometidas grandes obras de infraestrutura, não só mudanças paliativas para “inglês ver”, são grandes as minhas expectativas depositadas na população, que, acredito, não fechará os seus olhos para questionar o custo-benefício deste megaevento, principalmente durante as eleições, mediante tantos gastos públicos envolvidos principalmente na construção de estádios de futebol.

      Já nos bastidores, há muito começaram as eleições de 2014. Principalmente a presidencial, são grandes as minhas expectativas ao acompanhar candidatos que têm de tudo para instigar o eleitor a refletir um pouco mais.
           
      Ao que tudo indica, de um lado, o PT, de Lula e Dilma. Do outro, candidatos que, trabalhando em conjunto no primeiro turno, podem acreditar que um deles poderá fazer frente ao bem avaliado governo Dilma Rousseff no segundo turno.
                
       No entanto, restará ao PSDB e PSB, de Aécio Neves e Eduardo Campos, a difícil tarefa de angariarem também no cenário nacional o mesmo reconhecimento que seus candidatos possuem regionalmente. Uma acirrada disputada que tem de tudo para fazer do eleitor o seu maior beneficiado.
               
    Numa eleição com candidatos capacitados, além de outros que possivelmente entrarão na disputa e correrão por fora, interesses e visões distintas, acredito, têm de tudo para contribuírem para o alargamento do processo democrático durante as eleições por meio do debate, e, como importante condição para se eleger, consequente busca pelo candidato por maior proximidade junto ao eleitor.
                
       Num país de vontade política revigorada, em 2014 não só a articulação política, mas também o trabalho e o respeito serão requisitos essenciais para o candidato que realmente queira conquistar a confiança do eleitor.



1.3) 2014 - Brasil, 50 anos do Golpe. Um episódio para jamais ser esquecido.



Manifestantes contrários ao regime de Exceção.

                
       Dentre inúmeros outros temas também importantes, não posso esquecer-me de ressaltar a força e a necessidade que o resgate à nossa história terão neste 2014 para que aprendamos com os nossos erros cometidos no passado na busca pela consolidação do nosso atual Estado democrático de Direito.
                
           Dessa forma, não poderia ser diferente minha expectativa com relação a um tema que, ao contrário do que muitos pensam, deve ser reavivado todos os dias, principalmente aproveitando-se a força de seu simbolismo após 50 anos, quando, então, fora instaurado um Estado de Exceção em nosso país.
                
         A fim de cada vez mais aperfeiçoar a nossa democracia, neste 2014, o Brasil terá mais uma ótima oportunidade de buscar desempenhar alguns dos mais importantes pilares duma democracia ainda em processo de Transição, amplamente buscados por meio do reavivamento da nossa história em meio aos 50 anos da instauração da Ditadura militar, pela busca constante busca pela verdade da nossa história.
                
          Não só uma reparação material 2014 tem a chance de restituir. Mas, por meio de ações exemplarmente promovidas pelas quase trinta comissões da Verdade espalhadas por todo o Brasil, por maior interesse pelo tema nas escolas e maior disseminação de informações nos meios de comunicação sobre o tema teremos mais uma ótima oportunidade para não decretarmos o  esquecimento de tal episódio.


1.4) 2014!

                
      Além desses temas abordados, há inúmeros outros que guardo bastantes expectativas. No entanto, diante de tamanha importância e necessidade de maior reflexão, pretendo abordá-los em artigos separados no decorrer deste ano.
                
             Outros temas importantes também terão grande repercussão e possivelmente um desfecho neste ano de 2014. Alguns deles: Julgamento pelo STF sobre o deferimento, ou não, da ação direta de Inconstitucionalidade movida pela OAB com relação à constitucionalidade, ou não, da doação direta de pessoas jurídicas às campanhas (o que pode mudar o cenário político brasileiro); Ação direta de Inconstitucionalidade, movida pela associação de escritores e editores a artigos do Código Civil com relação à necessidade de aceite, ou não, por parte dos biografados às biografias, (a mim, questão nada trivial e que merece, sim, ser amplamente debatida); Expedição dos demais mandados de prisão ao condenados pela ação Penal 470, o “Mensalão” (sua repercussão no mundo político e civil); Pressão para julgamento do “Mensalão Mineiro” (escândalo envolvendo políticos de Minas Gerais acusados de compra de votos); Copa do Mundo e as suas mais diversas implicações (a continuidade da fiscalização por parte do povo frente aos gastos bilionários do governo para realizar o evento, seus legados, seus detrimentos e a possível constatação, ou não, de um Estado de Exceção durante a preparação ou realização do megaevento); além de vários outros temas não menos importantes, etc.


           Que neste ano, muito além do verde e amarelo, o Brasil possa se pintar mais uma vez de vontade e de esperança por meio da busca por uma vida mais humana ao seu povo.


Que venha 2014!