Mais uma vez os ex-presidentes da República Fernando Collor de Mello e José Sarney atacaram o povo e a democracia brasileira. O Senador Fernando Collor eleito pelo PTB-AL, convenceu a Presidenta Dilma Rousseff a rever o projeto de lei de acesso a informações públicas, alegando que alguns fatos sobre a história do Brasil merecem sigilo eterno. Seu grande amigo e cúmplice de longa data José Sarney, Presidente do Senado, assim como Fernando Collor, reintegra que expor os documentos sobre a história do país causará novos conflitos e divergências entre os países vizinhos ao Brasil, sobre alguns assuntos como à Guerra do Paraguai e a anexação do estado do Acre ao território brasileiro, o que segundo eles, enfraqueceria a diplomacia brasileira, os serviços de inteligência e a segurança nacional.
Em relação a serviços de inteligência e a segurança nacional não há mais o que se discutir, temos dois exímios conhecedores. Durante o seu mandato como Presidente da República, Collor foi acusado publicamente por seu irmão de comandar um esquema de corrupção e José Sarney, investigado pela ABIN (Agência Brasileira de Inteligência), teve comprovado seus programas eleitorais ilegais na emissora de TV do Maranhão da qual seu filho é proprietário. Hoje os dois simplesmente se encontram em pleno exercício de suas atividades e poderes políticos no Congresso Nacional, sem dívidas a pagar perante o Estado.
Essa não é a primeira tentativa de esconder do povo o direito de conhecer a história do Brasil. Recentemente o Senado passou por revitalizações e o chamado “Túnel do Tempo”, que retrata alguns acontecimentos importantes da história do país através de fotos e algumas informações foi motivo de polêmica. O Presidente do Senado José Sarney, alegou que o Impeachment de Fernando Collor em 1992 não constitui uma vitória do povo brasileiro, segundo ele, o ocorrido deve ser considerado apenas como um "pequeno acidente". O fato é que, desde que Collor foi eleito Senador em 2006, o Presidente do Senado parecia ficar incomodado ao passar pela figura exposta de seu amigo próxima a seu gabinete (talvez uma possível alergia que persiste relutante a punidade).
Restringir o acesso de qualquer cidadão aos arquivos da história de seu país é completamente inconstitucional e vai contra as leis de qualquer país democrático, infelizmente no Brasil nossa democracia há muito tempo existe apenas para "inglês ver". Talvez o que mais impressiona diante disso tudo é a até então posição da nossa Presidenta. Líder revolucionária e militante assídua a favor da Democracia durante a Ditadura, admitiu que esse projeto realmente corre o risco de dar acesso a informações públicas de alguns fatos que não podem ser revelados.
De acordo com o Decreto 4.553/2002, a classificação de documentos ultrassecretos ou não, é de total responsabilidade e competência do Presidente, do Vice, dos Ministros de Estado, dos Comandantes Militares e de Chefes de Missões Diplomáticas. Na década de 1990, o Itamaraty, criou uma seleta comissão de acadêmicos com a missão de analisar dados sobre a história do Brasil, inclusive sobre a Guerra do Paraguai. Ao final da análise, os especialistas concluíram que não havia nenhum documento que poderia interferir na atual diplomacia brasileira e que os documentos poderiam estar dispostos ao público dentro de 15 anos no máximo (o que não aconteceu). O Embaixador e autor Celso Lafer, em entrevista dada à revista ISTOÉ, condenou a ação dos ex-presidentes. Segundo ele, esse tipo de argumento só serve para levantar suspeitas sem fundamento e criar preocupações desnecessárias para nossos vizinhos.
Documentos até então restritos a um grupo seleto de poderosos que tem o poder de decidir o que deve ou não deve ser do interesse de todos estão interferindo diretamente na vida de várias pessoas. Até hoje, há quem diga que não houve tortura e abuso de poder por parte dos militares durante a Ditadura Militar no Brasil (1964-1985). Várias mães ainda esperançosas esperam saber notícias sobre seus filhos desaparecidos durante o regime, há vários casos de pessoas que foram duramente perseguidas e torturadas (a lista de desaparecidos políticos no Brasil contém cerca de 140 desaparecidos).
Talvez o problema não esteja em revelar assuntos relacionados à Guerra do Paraguai ou a anexação do território do Acre. Em questões diplomáticas, estamos pessimamente representados se dependermos dos nossos “famosos” ex-presidentes, com algumas raras exceções. Acredito que Fernando Collor e José Sarney possam estar na verdade com medo. Medo de possivelmente terem mais podres de suas velhas histórias reveladas, seja em relação ao Impeachment de Collor, ou até mesmo sobre o “jeitinho” que Sarney aprendeu para se manter tanto tempo no poder desde 1954. Possivelmente, eles ainda podem acreditar que nós, povo brasileiro, possamos algum dia criar vergonha na cara e sair às ruas para tentar acabar com a farra que eles promovem no Congresso Nacional, afinal, quem mantém isso tudo somos nós. Mas acho que deveriam avisá-los, não se preocupem caríssimos magnatas, o nosso povo é um povo pacífico, honesto, trabalhador e muito ocupado, falar de política? Temos mais o que fazer, fala sério meu camarada!
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http://pt.wikipedia.org/wiki/Desaparecidos_pol%C3%ADticos_no_Brasil